«O Alavarium tem tudo para ser uma das melhores equipas de andebol feminino em Portugal»
O sétimo lugar no Campeonato Nacional excedeu as tuas expectativas?
Quando, no início da época, coloquei como objectivo chegar à fase final (8 primeiras), a maior parte das pessoas achava que eu estava a ser demasiado ambicioso, já que há 15 anos que nenhuma equipa de Aveiro conseguia esse desiderato e a nossa equipa era muito inexperiente. Mas eu acreditava que era possível, o grupo uniu-se muito em torno desse sonho e conseguimos concretizá-lo. Por isso, este resultado era algo que eu considerava possível mas que seria muito, muito difícil de alcançar. Mas o que excedeu as minhas expectativas foi a presença de público no nosso pavilhão. Na grande maioria dos jogos, estava muita gente, sendo uma das nossas maiores vitórias desta época.
O que faltou à tua equipa para ganhar mais jogos e ser mais competitiva na fase final?
Faltou, sobretudo, não termos duas das melhores jogadoras, lesionadas. A Maria Loura foi a nossa melhor marcadora nas últimas épocas e fez uma ruptura dos ligamentos do joelho. Por outro lado, a Cláudia é hoje em dia uma das melhores jogadoras nacionais (com 19 anos é já internacional A) e claramente a equipa ressentiu-se da sua operação ao tendão de Aquiles. Além disso, é natural que a falta de rodagem a este nível da maior parte das jogadoras se faça sentir. Com a excepção de duas jogadoras, nenhuma atleta deste plantel tinha jogado numa 1ª Divisão, muito menos numa fase final.
Esta equipa tem margem de progressão?
A margem de progressão é enorme. Se eu disser que na maior parte dos jogos da fase final, começámos o jogo com 4 atletas juniores, acho que se percebe bem o potencial desta equipa. Aliás, a evolução ao longo da época já foi bem visível. Elas têm uma capacidade de trabalho incrível, treinam com uma intensidade brutal e naturalmente que os resultados aparecem. Dá gosto treinar uma equipa assim, com um espírito de grupo tão forte e com uma vontade de deixar tudo em cada treino e em cada jogo. O facto de termos sido a defesa menos batida da Zona Norte é reflexo de uma atitude lutadora como pouco há em Portugal. Claro que trabalhamos muito para isso e não é normal, no andebol feminino, a utilização de softwares avançados de análise de vídeo como o fazemos e isso exige muita dedicação minha, do Carlos Neiva e do Herlander Silva que as atletas aproveitam com todo o entusiasmo.
Vais continuar na próxima época?
Sim, defini como objectivo atingirmos os 6 primeiros lugares e daqui a 2 anos estarmos entre as 4 melhores equipas portuguesas. Há uns anos atrás, jamais imaginávamos que pudéssemos estar a este nível, mas agora temos que continuar a ter a ambição de continuar a subir degraus, mesmo sabendo que se antes subíamos 3 ou 4 degraus de uma vez, agora temos que ir um a um e mesmo assim é muito complicado.
E a equipa? Vai manter o mesmo plantel ou vai ter alterações?
Do anterior plantel, duas jogadoras são dispensadas e três terminam a prática da modalidade. Subimos uma atleta júnior, iremos subir uma atleta juvenil (um dos grandes talentos do andebol português) e vamos buscar a outros clubes duas atletas de qualidade e de futuro para continuarmos a construir este projecto ambicioso.
O que achas desta situação atípica do andebol feminino em Portugal ter apenas uma divisão?
A cada vez maior concentração de equipas na Zona Norte do país colocava em grandes dificuldades as equipas da Zona Sul da 2ª Divisão que eram cada vez menos e cujos custos eram cada vez maiores. Para evitar a extinção de mais equipas, a Federação tomou esta medida que foi um mal menor. Fui contra esta medida mas não posso deixar de reconhecer que a Zona Norte foi de uma competitividade enorme, com pavilhões muito bem compostos de público como há muito não se via no andebol feminino em Portugal.
Esta época, para o Alavarium, marcou também a saída do carismático presidente Paulo Elísio. Não achas que o clube o devia homenagear?
Sem dúvida. O Paulo Elísio fez um trabalho notável e estou certo que, na altura certa, o clube lhe irá prestar a devida homenagem. Espero que esta nova Direcção continue o percurso e que consiga criar condições para darmos continuidade ao trabalho que temos feito no feminino. Temos escalões de formação de grande qualidade, trabalha-se muito bem e se os apoios aparecerem, o Alavarium tem tudo para estar entre as melhores equipas de andebol feminino em Portugal.
Qual a importância do DesportoAveiro para o desporto aveirense?
Eu não falho um dia. Acho que é o site de referência do desporto em Aveiro. Tenho pena que tenha cada vez mais notícias e cada vez menos artigos de opinião que era o que mais gostava de ler, pela tua frontalidade que é algo raro nos meios de comunicação. Mas compreendo que o teu tempo não dá para tudo. Mas é um pedido que te deixo: deixa mais artigos de opinião teus que é isso que faz a diferença.
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Nome completo: Ulisses Miguel Couceiro Pereira
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